Assim como a estratégia e o planeamento são componentes essenciais na construção de um negócio, a criatividade é o elemento chave para quem quer ter um produto ou serviço diferenciado, se destacar no mercado e fixar a marca na cabeça dos consumidores. É através da criatividade que conseguimos expressar os valores da empresa, promover a inovação e proporcionar experiências prazerosas aos clientes. Assim, preparamos algumas recomendações para que sejas assertivo(a) na hora de criar estratégias criativas para teu negócio.

1. Procura referências e conhecimento externo

Antes de iniciar o processo de criatividade é preciso conhecer o que se tem feito no mercado e quais práticas obtiveram sucesso. Buscar referências de outros negócios que propuseram estratégias criativas e foram bem sucedidas é uma maneira de aprender, através de casos reais, as verdadeiras vantagens de praticar a criatividade. 

Estar atento às notícias e tendências do mercado, bem como conhecer casos de sucesso e entender por quais caminhos decidiram seguir poderá ajudá-lo(a) a direcionar de maneira inteligente as estratégias envolvendo criatividade.

1.1 Tendências do mercado

No site da Comissão Europeia você encontrará informações sobre a previsão económica, programas de assistência financeira e vigilância fiscal de Portugal. Este site contém dados valiosos sobre o desenvolvimento dos setores em Portugal e da União Europeia como um todo. Todos os dados são públicos são disponibilizados para qualquer pessoa. Vale acompanhar!

No portal do Instituto Nacional de Estatística (INE) terás acesso a inquéritos e relatórios divulgados semanalmente, que acompanham o comportamento dos consumidores portugueses durante o período de pandemia. É possível a partir desses dados encontrar “brechas” de problemas existentes que ainda não foram solucionados, contribuindo para a construção de estratégias inovadoras e criativas.

Para além, a Agência para a Competitividade e Inovação - IAPMEI, I.P. disponibiliza diversos conteúdos, casos reais de pequenas empresas bem-sucedidas e ferramentas que auxiliam pequenas e médias empresas a se manterem competitivas e crescerem a nível empresarial durante momentos de crise.

Vale ressaltar que jornais e revistas especializadas em negócios também podem contribuir para a base de referências. A regra é manter-se informado e atualizado a partir de dados confiáveis dos acontecimentos mundiais e das medidas do mercado local. 

2. Estimula a criatividade internamente

Como falamos anteriormente, a comunicação é um aliado fundamental para promover a criatividade no seu negócio. Se individualmente conseguimos ter boas ideias, imagine coletivamente? Nesta fase, propomos o brainstorming coletivo, convidando membros internos da organização a participarem.

2.1 Mas o que é brainstorming?

Criada pelo publicitário Alex Osborn em 1948, o brainstorming é uma técnica praticada em grupo, com intuito de propor o maior número possível de soluções diversificadas para problemas reais. Essa prática estimula a criatividade dos integrantes, deixando-os livres para expor ideias e discutir a viabilidade delas.

2.2 Brainstorming e criatividade

Para acontecer o brainstorming, necessariamente precisamos estimular a criatividade. Isso porque a criatividade é um dos 4 principais pilares do brainstorming, compondo parte da regra da técnica. O principal objetivo é encorajar os participantes a se sentirem confortáveis em propor soluções, independente da probabilidade de viabilidade da ideia.

Ter ideias simples e a princípio longe do que pode ser a solução pode ser um caminho positivo e com grandes chances de se tornar apropriado ao longo do amadurecimento da ideia. Ou seja: pense simples e ao longo do processo amadurece a ideia. 

2.3 Técnicas para praticar o brainstorming

Existem diversas maneiras de praticar o brainstorming dentro da organização, cada empresa deve usar a que mais se adequa a realidade institucional e a que poderá ser mais bem aceita pelos membros da equipa.

Entre as técnicas mais populares destacamos o brainstorming a partir de jogos de improviso (1), Técnica dos recursos infinitos (2) e a técnica de soluções impossíveis para o problema (3).

Os jogos de improviso nada mais são que narrativas desenvolvidas para simular problemas organizacionais e, através do improviso, encontrar soluções que possam ser eficientes para as problemáticas apresentadas. É bastante comum usar os jogos de improviso em grupos de executivos, que necessitam exercitar a criatividade sem perder a lógica na tomada de decisão.

A técnica de recursos infinitos proporciona aos participantes um mundo em que os recursos (como o tempo, membros envolvidos, financeiro, espaços físicos e/ou digitais, entre outras possibilidades) são infinitos. O objetivo neste contexto é explorar novos aspetos sem a preocupação do julgamento e validação da viabilidade do mesmo.

A técnica é muito praticada em grupos com diferentes habilidades e ocupações. A intenção nesses casos é usar das diferenças para complementar ideias e atingir soluções mais sofisticadas e inovadoras.   

A técnica de soluções impossíveis para o problema tem por objetivo retirar qualquer barreira na geração de ideias criativas e inovadoras. Sabendo-se que são impossíveis para o problema, o grupo poderá se sentir confortável em sugerir ideias não convencionais e a partir dessas ideias são feitos ajustes para torná-las possíveis para o problema. 

As técnicas apresentadas ajudarão a dar início à prática do brainstorming em sua organização, mas é sempre bom lembrar que o brainstorming pode ser praticado de maneira livre, sem necessariamente seguir técnicas definidas. Respeitando as regras, já é possível ativar a criatividade na hora de organizar o brainstorming com a equipa. ;)  

3. Foco na simplicidade

Muitas pessoas não se consideram criativas e acreditam que a criatividade é um processo exclusivo de grupos envolvidos com artes, quase como um dom natural para alcançar a criatividade e se considerar criativo.

Mas a verdade é que sempre que imaginamos possibilidades, estamos em certo nível exercitando a criatividade. Para alguns autores (Ghiselin, 1952; Flieger, 1978; Sanchez , 2003) a criatividade é um processo da capacidade humana que acontece sempre que propomos mudanças, e que essas mudanças incomuns a nós e ao meio oferecem a evolução, interna e externa ao meio.

Não existe uma única definição para a criatividade, mas podemos dizer que criatividade é tudo que propõe movimento. Criatividade não significa efeitos extraordinários, mas sim mudanças que façam sentido para nós e para os outros. Criatividade está ligada diretamente com a empatia e a simplicidade é o caminho dessa conexão.

3.1 Princípio KISS - (Mantenha Simples)

O princípio KISS é um princípio do design que valoriza a simplicidade de projetos e sistemas, descartando ao máximo a complexidade para as suas funções. A ideia é desenvolver projetos cujo objetivo é ter maior aceitação e interação com consumidores/ usuários finais.

Embora a simplicidade seja o objetivo central do princípio, desenvolver estratégias, sistemas e projetos simples sem perder a criatividade é o ideal. Um produto simples, fácil de entender e que gere alguma experiência agradável ao utilizador pode ser a chave para o sucesso do seu negócio. Lembre-se sempre das palavras de Leonardo da Vinci: “ Simplicidade é o último grau de sofisticação”.

3.2 Princípio KISS na prática

Sabendo da importância da simplicidade no desenvolvimento de estratégias criativas mais assertivas, como pôr em prática na organização?

Uma premissa no desenvolvimento do KISS é priorizar para quem está sendo feita a mudança/estratégia. As tomadas de decisões que acontecem no  princípio KISS tem por finalidade beneficiar as partes interessadas, ou seja, a criatividade e a simplicidade das estratégias devem ser projetadas a partir das necessidades reais do outro.

Sendo assim, nada melhor que ir a busca das preferências do seu público-alvo. Podes começar perguntando aos consumidores as reais necessidades, as dores a serem solucionadas e entender, nesse aspeto, como promover soluções criativas e transparentes para o seu negócio.

O melhor processo criativo é aquele construído a partir de visões empáticas. A empatia é um estado humano que  percebe os sinais de comportamento do outro e se projeta a partir desses sinais. Se colocar no lugar do outro durante o processo de criação é fundamental para atingir os objetivos almejados. Afinal, tudo o que fazemos nos negócios é para solucionar problemáticas do meio em que vivemos.

3.3 Mapa da Empatia

O mapa da Empatia é uma ferramenta visual que poderá ajudar na construção da visão criativa empática. O intuito do mapa é detalhar os componentes do comportamento do cliente para compreendê-lo mais facilmente e assim projetar soluções criativas, inovadoras e eficientes.

O modelo está disponível publicamente em diversos sites e é usado em universidades referências como Stanford e Harvard.

Figura 2. Mapa de Empatia.

O mapa é dividido em vertentes como: o que ele pensa e sente, o que ele vê, o que ele escuta, o que ele fala e faz, suas dores e ganhos.

O que ele pensa e sente?

No aspeto de compreender o que o outro pensa e sente, se faz necessário entender quais são os medos, anseios, como se sente no meio em que vive. Um dos elementos mais complexos de descobrir: o que o seu negócio desperta no outro.

O que ele vê?

Nesta vertente o objetivo é compreender quais estímulos visuais o público recebe e em que contexto ele recebe esses estímulos. Entender sobre seus parâmetros cotidianos pode ser um bom caminho para responder a essa pergunta.

O que ele escuta?

Aqui, o objetivo é compreender quais são as principais influências e meios de comunicação que o público consome para se manter informado.  A partir desse questionamento é possível compreender quais fontes são as mais usadas pelo público.   

O que ele fala e faz?

Esse item explora a análise do discurso e ação do outro. Aqui, devemos nos preocupar em entender como a persona exprime suas opiniões, e ao mesmo tempo como age no seu cotidiano. 

Quais são as dores dele?

A análise desse ponto deve focar em absorver quais são os principais obstáculos para o indivíduo atingir sucesso e felicidade. A ideia é observar os bloqueios e impedimentos que devem ser solucionados. 

Quais são seus ganhos?

Por fim, precisamos entender quais serão os verdadeiros ganhos do indivíduo caso os obstáculos sejam superados. Aqui, falamos de suas necessidades e desejos. A partir do que pode ser sucesso e felicidade para o outro, a ideia é propor formas de alcançá-los. 

4. Criatividade, Inovação e resultados

A criatividade e inovação não são sinônimos, porém andam juntos. No mundo corporativo, a criatividade proporciona ideias, ideias que, conforme apresentado acima, podem ser lapidadas e possíveis de serem concretizadas. 

A inovação é a prática dessa lapidação de ideias. A inovação está diretamente ligada às ações e mudanças que propomos em nosso negócio. É um ato necessário para negócios que desejam atratividade e querem ser reconhecidos por isso.

Sendo assim, é possível dizer que a criatividade antecede a inovação. E essa inovação só poderá gerar impacto se analisarmos os resultados da inovação. A criatividade não é mensurável, mas a inovação é.

Quando a criatividade é executada, exercemos a inovação e assim, geramos valor. Para gerar valor precisamos criar objetivos, metas e estratégias. Se é possível desenvolver valor a partir desse gerenciamento, é possível medir o impacto e analisar os resultados.

Tendo em mente que estratégias criativas necessitam de análises e que essas análises podem se converter em retorno para o seu negócio, podemos concluir que bons resultados podem ser extraídos de experiências criativas.

Conclusão

A criatividade é um grande aliado no processo de desenvolvimento de um negócio. A inovação só poderá surgir quando o ambiente for propício para ideias e suficientemente motivador para transformá-las em ações. Ações que poderão trazer resultados para o negócio, impactando positivamente na presença da empresa no mercado. 

E é exatamente isso que estamos a precisar no mundo. As empresas que irão prosperar nos próximos anos serão aquelas que valorizam a empatia, a motivação, a equipa, o bem-estar, a criatividade e a sustentabilidade. O pós pandemia trará novas visões sobre o comportamento humano e nada melhor que, através da criatividade e inovação, proporcionar produtos e serviços que favoreçam este novo cenário e nos façam aprender ainda mais sobre os novos tempos que estão a surgir.