Sempre que me perguntam quais as coisas mais “óbvias” que gostavas de ter sabido antes de começar ou uns anos mais cedo, há 3 coisas que me vêm logo à cabeça.
Ser empreendedor é difícil.
Posso ser brilhante, ter uma rede de contactos vasta e um produto incrível, que vai ser sempre difícil, porque começar um projeto ou negócio implica trabalharmos em tantas áreas distintas que, às vezes, parece nem ser humano.
Depois de tomarmos o pequeno almoço, temos que criar o nosso produto ou serviço, gerir toda a parte operacional ao mesmo tempo que trabalhamos as nossas redes sociais e marketing. Ao almoço, organizamos tudo ligado a contabilidade, tentamos perceber como nos protegermos melhor legalmente e ainda, nos intervalos para café, tentamos ter alguma visibilidade nos media.
Quase a chegar ao jantar, tentamos fazer algumas abordagens para vendas diretas, damos algum apoio à equipa e, rapidamente para fechar o dia, esforçamo-nos para organizar um workshop com os nossos clientes na semana seguinte.
O malabarismo de tarefas é incessante e quase sempre, resta pouco tempo para pensarmos e sermos estratégicos, algo que devia ser a pedra basilar do nosso projeto ou negócio.
Uma das coisas que apelamos na Impulso e que é a pedra basilar da Ignição é a redução. Ou seja, simplificarmos e prioritizarmos são os nossos mantras. Sempre que me perguntam quais as coisas mais “óbvias” que gostavas de ter sabido antes de começar ou uns anos mais cedo, estas são sempre as respostas:
** 1. Aprende a prioritizar de forma brilhante**
Tão simples quanto isto. O sucesso de qualquer iniciativa, pelo que tenho acompanhado ao longo dos últimos anos, está intimamente ligado à capacidade de prioritizar de quem está a liderar o projeto ou o negócio.
Podemos sempre insistir um pouco mais nas vendas, ou melhorar um processo operacional ou enviar mais um email de follow up para garantir que o nosso parceiro não se esquece de partilhar o nosso workshop mas na maior parte das vezes, esforços difusos, roubam-nos a energia e trazem pouco resultado.
O melhor amigo de alguém que tem o seu projeto, é uma agenda e 10 mins diários de organização.
Claro que mais budget para marketing ou mais uma reunião com um fornecedor têm um impacto grande, mas olhando para um negócio a médio prazo, nada como 10 mins diários de prioritização. Trazem-nos alguma paz e sanidade mental e são os esforços incrementais regulares que vão fazer realmente impactar o nosso negócio. Custa a acreditar, mas experimenta.
** 2. Partilha responsabilidades**
Vemos sempre retratada a imagem de um(a) líder resiliente, que estoicamente lida com todos os problemas da organização. Essas organizações podem ser grandiosas, mas certamente não vão durar muito.
Assim como a responsabilidade nos dá um sentido de missão, a delegação de responsabilidade, dá à nossa equipa um sentido mais profundo de pertença. Ao darmos responsabilidade, estamos a envolver pessoas mais a fundo na organização ao mesmo tempo que estamos a poupar-nos muitas dores de cabeça.
Provavelmente implica abdicar de algum poder de decisão mas parece-me um preço justo para o “espaço” que vamos ganhar para fazermos o projeto ou negócio crescer e caminhar na direcção que queremos.
Muitas vezes não queremos partilhar responsabilidades porque não queremos passar um “peso” para cima do outro, ou pelo menos assim pensamos mas na maior parte das vezes, esse não é o caso. As pessoas quando estão investidas, querem responsabilidade por responsabilidade traz propósito, e todos, ou pelo menos quase todos, procuramos um propósito.
** 3. Monta um conselho estratégico**
Parece um nome pomposo mas não é nada mais que um grupo de pessoas que reunimos regularmente para pedir conselhos. Sejamos um empresário em nome individual, trabalhemos com 2 pessoas ou 100, é realmente impactante termos pessoas com experiência, a quem podemos recorrer.
Fazemos isto em várias outras áreas da vida, pedimos conselhos sobre a casa que queremos comprar aos nossos pais, sobre a nossa carreira à nossa irmã e sobre o nosso coração partido à nossa melhor amiga, portanto porque não ter uma ou um grupo de pessoas que percebem do assunto (que até podem ser os nossos pais, irmã ou melhor amiga) a darem-nos conselhos sobre o nosso negócio?
“É difícil vermos o horizonte quando temos o nariz enfiado na areia” mas o facto de termos pessoas que vão seguindo a evolução do negócio e nos conseguem dar uma perspectiva fundamentada, de quem está de fora, é quase sempre um recurso inigualável, ao nosso alcance e a custo zero.